Brics: os desafios do Brasil em uma cúpula com mais integrantes e interesses geopolíticos bem diferentes

  • 04/07/2025
(Foto: Reprodução)
Com a estreia da Indonésia, esse vai ser o primeiro encontro do grupo com 11 participantes. Começa domingo, no Rio, a cúpula do Brics Começa domingo (6), no Rio de Janeiro, a Cúpula do Brics. O evento vai reunir chefes de Estado e governos de quase 30 países. Alerta máximo para receber os visitantes. O encontro dos chefes de Estado começa no domingo (6), mas os representantes das nações já estão negociando. O Brics foi formado em 2006 pelos quatro países que deram o nome original: Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, a África do Sul se juntou e completou a sigla. A natureza enxuta do grupo mudou em 2024, ao dobrar de tamanho: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã foram aceitos. Com a estreia da Indonésia, esse vai ser o primeiro encontro do Brics com 11 participantes. “Até o ano passado, as democracias representavam a maioria no grupo Brics. Havia três democracias - o Brasil, a Índia e a África do Sul - e dois países autoritários: a Rússia e a China. Depois da expansão, os países autoritários ficaram na maioria. Porque juntou-se ao grupo O Egito, os Emirados Árabes, o Irã, a Etiópia. Então, com isso, claramente agora o Brics possui uma característica, por assim dizer, mais autoritária. Essa é uma situação mais difícil e, sim, um risco maior de que o grupo Brics seja visto como um bloco antiocidental”, diz Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV. Dois integrantes do Brics estão envolvidos nos principais conflitos militares da atualidade: Rússia e Irã. Na semana passada, o Brics divulgou uma declaração manifestando profunda preocupação com os ataques contra o Irã. Uma postura oposta à da maioria das democracias ocidentais. Ao reunir cada vez mais países e governos de natureza diferente, torna-se difícil para o grupo até mesmo definir uma agenda comum. Diante dos riscos diplomáticos, as prioridades do encontro, fixadas pelo Brasil, buscam concentrar as discussões em temas econômicos e de desenvolvimento. O Brasil, que ocupa a presidência do bloco, escolheu três assuntos para a discussão: o enfrentamento às mudanças do clima; o uso ético da inteligência artificial e o pagamento de dados fornecidos pelos países em desenvolvimento; e a cooperação dos países na área da saúde, como produção de vacinas e medicamentos. “Temos problemas de outras, que a gente chama de doenças socialmente determinadas, doenças da pobreza: tuberculose, hanseníase. Então é o momento para esses países, que são afetados por essas doenças, unirem esforços para que a gente possa ter os meios de superar essas doenças”, afirma Mauricio Lyrio, sherpa brasileiro no Brics. Nesta sexta-feira (4), no Rio de Janeiro, o presidente Lula incluiu mais um tema: a adoção de uma moeda alternativa ao dólar nas transações comerciais entre os integrantes do Brics. “Uma moeda de comércio é extremamente importante. É complicado? Eu sei. Tem problemas políticos? Eu sei. Mas se a gente não encontrar uma nova fórmula, a gente vai terminar o século 21 igual a gente começou o século 20. E isso não será benéfico para a humanidade”, afirma o presidente Lula. Brics: os desafios do Brasil em uma cúpula com mais integrantes e interesses geopolíticos bem diferentes Jornal Nacional/ Reprodução O presidente já tinha apresentado essa ideia em 2023. Mas o Brics não levou o assunto adiante. A ideia de substituir o dólar nas transações desagrada os Estados Unidos. Pouco depois de tomar posse, o presidente Donald Trump ameaçou taxar os membros do Brics com tarifas de 100% caso continuassem buscando uma alternativa à moeda americana. "Há um medo, em boa parte do mundo, de que, uma eventual moeda alternativa seja um projeto de poder ou da China ou seja uma tentativa da Rússia de evitar sanções financeiras. E, portanto, cada vez que o tema vem à tona ele causa enorme reação negativa de boa parte do mercado internacional e das pessoas do sistema financeiro", diz Matias Spektor, professor da Escola de Relações Internacionais da FGV. O encontro do Brics no Rio de Janeiro vai ser marcado pela ausência de alguns líderes. A China confirmou que o presidente Xi Jinping não vem. Vladimir Putin também não. Ele tem um mandado de prisão internacional por crimes de guerra e tem evitado sair da Rússia. Em meio à instabilidade no Oriente Médio, outras cadeiras que devem ser ocupadas por representantes são a do Egito e a do Irã. Assim, o principal líder estrangeiro presente vai ser o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. “A configuração dos Brics, até dois anos atrás, fazia mais sentido para a diplomacia brasileira, até porque essa questão de autoritarismo, por exemplo, não era tão ressaltada em um grupo mais enxuto. Essa expansão recente tem muito a ver com os interesses geopolíticos e econômicos das duas grandes potências que participam dos Brics, que são a China e, em menor grau, a Rússia. Ao mesmo tempo, a voz do Brasil acaba sendo proporcionalmente diminuída nesse contexto, e a gente acaba tendo um bloco um pouco mais com a cara da China e um pouco menos com a cara do Brasil”, diz Guilherme Casarões, professor da FGV/EAESP. LEIA TAMBÉM Brics no Rio: o que abre e o que fecha no ponto facultativo e no feriado Lula defende nova política de financiamento e afirma que modelo de austeridade 'não deu certo em nenhum país' Brics vão propor que países sejam pagos por geração de dados usados por IA

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/07/04/brics-os-desafios-do-brasil-em-uma-cupula-com-mais-integrantes-e-interesses-geopoliticos-bem-diferentes.ghtml


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