Cães de serviço antecipam crises e salvam vidas de pessoas com diabetes; entenda treinamento

  • 03/08/2025
(Foto: Reprodução)
Cães de serviço antecipam crises e salvam vidas de pessoas com diabete Uma rotina louca de trabalho que faz com que você perca a noção do tempo e, até, se esqueça de comer ou tomar um remédio. Embora pareça algo sem importância, para quem tem diabetes, isso pode representar uma situação de risco. E, nesse cenário, toda estratégia é válida para se proteger de possíveis crises. "Me descuidei da medicação e ele detectou que minha glicemia estava descontrolada. Ele começou a chamar minha atenção de uma forma mais insistente que o normal. Caso eu estivesse sozinha, com certeza as consequências seriam mais graves", conta a gerente financeira Raphaelle Almada Pinheiro, que tem diabetes tipo 1. Golden retriever em processo de treinamento para se tornar um cão de serviço. Arquivo pessoal O "ele" no relato de Raphaelle poderia ser uma nova tecnologia desenvolvida para monitorar pessoas com diabetes, mas, na verdade, é algo bem mais simples: um cão de serviço. Isso porque o faro, capaz de identificar o perigo a longas distâncias, também pode salvar quem está por perto. Quando treinados, cães conseguem detectar alterações na glicemia de pessoas com diabetes e evitar crises de hiperglicemia. Os sinais ainda podem ser imperceptíveis aos humanos, mas os animais percebem mudanças mínimas no odor do dono com diabetes e alertam antes mesmo que os sintomas apareçam. "Em geral, eles conseguem identificar alterações químicas que interferem no odor exalado pelo tutor de 15 a 20 minutos antes do início dos sintomas", detalha Renata Boragini Rodrigues, treinadora certificada do Service Dog Brasil. Mas se engana quem pensa que essa habilidade é natural de qualquer cachorro. 🐶Os chamados cães de alerta médico ou cães de serviço passam por meses de treinamento para aprender a associar o odor característico de uma crise e também como avisar o tutor ao identificar um problema. (entenda mais sobre o treinamento abaixo) ➡️Além do diabetes, os cães também podem ser treinados para lidar com problemas como a epilepsia, estresse pós-traumático, autismo, entre outros. Abaixo, nesta reportagem, você entende: De que forma os cães aprendem a identificar sinais de crise em pessoas com diabetes e como avisam seus donos que há algo de errado. Como é o treinamento para que um cachorro se torne um cão de alerta médico. Como os cães de serviço mudam a vida de pessoas com diabetes. Novo tratamento pode eliminar necessidade de insulina em pacientes com diabetes tipo 1 Sinais de crise e os alertas Assim como os cães treinados para ajudar em resgates de pessoas desaparecidas em desastres, é por meio do olfato que os cães de alerta conseguem perceber que há algo de errado com seu dono. Bruno Benetti Torres, chefe do Departamento de medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás, explica que, durante episódios de desequilíbrio glicêmico, o corpo humano sofre alterações metabólicas que resultam na liberação de compostos orgânicos voláteis específicos. "Essas mudanças criam uma 'assinatura de odor' química distinta, imperceptível aos humanos, mas altamente detectável pelos cães. O cão utiliza seu olfato extraordinariamente apurado, que é milhares de vezes mais sensível que o humano", explica Torres. Isso faz com que os cães consigam perceber oscilações antes mesmo que os níveis de glicose atinjam patamares alarmantes em dispositivos de monitoramento ou antes mesmos dos sintomas. Renata Boragini Rodrigues, fundadora e treinadora certificada do Service Dog Brasil, ONG focada no treinamento de cães de alerta, explica que os animais detectam a mudança no odor exalado pelo tutor através do suor, da saliva ou do hálito. "À medida que o cão identifica essas alterações, ele começa a chamar a atenção do tutor e das pessoas que o cercam", comenta a treinadora. Cachorro em treinamento para se tornar um cão de serviço. Arquivo pessoal 🐕‍🦺Os sinais dados pelos cães ao dono, nesses casos, incluem: Tocar o tutor com a pauta ou com o focinho. Enviar um sinal específico, como segurar determinado brinquedo na boca. Sentar na frente do tutor, o olhando e rosnando. E, em último caso, latir incessantemente, indicando uma situação de risco, que pode incluir convulsões ou coma. E esses alertas são ainda mais importantes justamente em situações de risco, como quando há cetoacidose diabética. ➡️ A cetoacidose diabética é uma complicação aguda do diabetes que acontece principalmente no diabetes tipo 1. Ela ocorre quando os níveis de açúcar no sangue do paciente ficam muito altos, assim como a quantidade de cetonas no sangue. Os sintomas incluem sede intensa, hálito com cheiro de fruta madura, cansaço, dor abdominal e vômitos. O quadro geralmente acontece quando o tratamento com insulina não é realizado corretamente ou se o indivíduo deixa de se alimentar por muitas horas. "Se o tutor estiver dormindo ou sonolento, muitas vezes ele não chega a sentir esses sintomas, o que torna essencial o trabalho de cão de alerta médico", comenta Boragini. LEIA TAMBÉM: Diabetes: 7 em cada 10 pacientes só descobrem a doença após terem complicações; veja sintomas Quase 10% dos novos casos de diabetes tipo 2 no mundo está relacionado ao consumo de bebidas adoçadas, aponta estudo Treinamento intenso Para se tornar um cão de serviço, o animal passa por um treinamento extenso, que preferencialmente começa com ele ainda filhote. "A escolha do cão é feita com muito critério, porque temos que ter a sensibilidade perceber que o cão sente prazer naquilo que está fazendo, sempre visando o reforço positivo", analisa a treinadora. No caso do treinamento de cães de alerta para diabetes, são coletadas amostras de saliva e suor durante um episódio de hiperglicemia para serem usadas ao longo do processo de educação dos animais. Torres também explica que qualquer cão, mesmo sem raça definida, pode executar as tarefas necessárias para se tornar um cão de serviço. Por características de temperamento e treinabilidade, os labradores, goldens retrievers e poodles tendem a ser os mais escolhidos. Uma vez que o cão é selecionado, se inicia o treinamento, que costuma durar entre 5 e 8 meses. O processo é composto por quatro fases principais. Veja na arte abaixo como funciona o treinamento dos cães de serviço. Treinamento dos cães de serviço Thalita Ferraz/Arte g1 Raphaelle também comenta que os tutores que adotarem um cão de serviço também têm que passar por uma espécie de treinamento. "No começo, a adaptação não foi tão simples para mim. Tive que passar por um treinamento e acompanhamento com os treinadores para entender como funciona todo o processo, além de passar a realizar as tarefas básicas de cuidados com o cachorro", lembra a Raphaelle. Mudança de vida Apesar das adaptações necessárias para entender como funcionam os alertas do animal, os relatos de quem passou a conviver com um cão de serviço são de mudança total da rotina, e para melhor. Para a gerente financeira, a transformação aconteceu há três anos, quando recebeu seu novo companheiro. "A convivência com o cão fez toda a diferença na qualidade de vida que tenho hoje. Tenho total controle da glicemia, evitando ter um episódio que possa me trazer problemas graves", afirma. Ela explica que a convivência 24 horas por dia com o animal faz com que ela se sinta mais segura para trabalha, viajar e ter uma vida social normal. Boragini também conta que são muitas as histórias que recebem de tutores que tiveram suas vidas salvas pelos cães. "Houve um caso em que o tutor estava viajando e passou mal dormindo. O cão iniciou os protocolos de alerta e, sem sucesso, começou a latir insistentemente, chamando a atenção de funcionários do hotel. Eles se dirigiram ao quarto e encontraram o tutor já desmaiado a ponto de entrar em uma fase crítica, caso não fosse socorrido", conta.

FONTE: https://g1.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2025/08/03/caes-de-servico-antecipam-crises-e-salvam-vidas-de-pessoas-com-diabetes-entenda-treinamento.ghtml


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