Líder quilombola, benzedeira e parteira: Saiba quem é a goiana que já foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz
03/08/2025
(Foto: Reprodução) Saiba quem é a goiana que já foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz
Reprodução/Globo Repórter
Procópia Rosa, líder quilombola kalunga, benzedeira e parteira, foi uma das 52 mulheres brasileiras indicadas ao prêmio Nobel da Paz de 2005. A indicação coletiva fez parte do Projeto 1000 Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, uma Organização Não Governamental (ONG) fundada pela deputada suíça, Clara Charf, que nesse mês de julho completou 100 anos, contou ao g1 a diretora-executiva da ONG, Vera Vieira.
A Comunidade Quilombola Kalunga Riachão fica em Monte Alegre de Goiás, no nordeste de Goiás.
Dona Procópia é conhecida pelo trabalho relevante na luta em prol dos direitos dos quilombolas. Ela foi uma das 52 brasileiras, das mais diversas áreas de atuação, eleita para se juntar a essas 1000 mulheres.
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O movimento Mulheres pela Paz continua com seu trabalho mundo afora em prol da paz, contra a violência doméstica e pelo empoderamento feminino, informou Vera. “Dona Procópia continua sendo uma grande referência para o Brasil e para o mundo,” disse Vera.
Mulheres pela Paz
Segundo o site da Associação Mulheres pela Paz, um grupo de ativistas pelos direitos humanos da Suíça decidiu mapear, no mundo todo, mulheres que lutam pela paz e segurança humana.
A associação explicou que grupo propôs ao Comitê do Prêmio Nobel da Paz, sediado em Oslo, na Noruega, a inscrição de mil mulheres dos cinco continentes para concorrer, coletivamente, ao Prêmio Nobel da Paz em 2005.
A Suíça estipulou uma cota de acordo com o número de habitantes de cada país, informou a associação. O Brasil indicou 52 brasileiras que, ao lado de 948 mulheres de 150 países, concorreram coletivamente ao Prêmio.
Segundo a associação, o Prêmio Nobel da Paz 2005 foi concedido para a Agência Internacional de Energia Atômica e para seu diretor, o egípcio Mohamed El Baradei.
'Brasil do meio'
Em entrevista ao Globo Repórter, da série de reportagens "Expedição Brasil do Meio", Procópia disse que o trabalho dela foi a melhoria do povo kalunga. “Meu trabalho foi correr atrás para melhorar as coisas aqui, porque aqui não tinha nada, [...] estrada, escola, luz, água, ” disse Procópia.
Ao Globo Repórter, Bia Fernandes, neta de Procópia, contou que a história do povo kalunga faz parte do processo da formação do território brasileiro.
“A vida passa rápido, eu morro feliz, eu corri, cansei, mas meu povo está bem, graças a Deus, minha comunidade está bem,” contou Procópia.
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Vida e legado
Líder kalunga Procópia dos Santos Rosa, em Monte Alegre de Goiás
Museu Iaiá Procópia/Divulgação
Segundo o Museu do Cerrado, projeto de extensão da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Procópia nasceu na comunidade Kalunga Riachão, localizada à margem direita do Rio Paranã, na Chapada dos Veadeiros, no nordeste de Goiás.
O Museu do Cerrado destacou que o lugar é rodeado de serras e tem difícil acesso, mas foi o local onde escravos encontraram um lugar para se esconder e morar, formando, assim, a comunidade kalunga.
“Kalunga significa lugar sagrado, de proteção. E é ali, em sua comunidade, que a matriarca Iaiá, como é chamada, dá aconselhamentos, puxa as rezas, fala sobre plantação e colheitas,” Museu do Cerrado.
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